REDUNDÂNCIA, ENTROPIA E OUTROS SEIS!



Existem vários itens que ajudam a formular a comunicação, cada um com utilidades específicas e prontos para influenciar a linguagem, seja de maneira positiva ou negativa.

OS FATORES PRAGMÁTICOS DA TEXTUALIDADE 

A Intertextualidade é designada como a criação de um texto com base em outro já existente, ou seja, quando há referencia explícita ou implícita de um texto em outro (ou até mesmo em obras de arte, no caso da imagem principal do post, em música, texto científico onde o autor de tal citação é explicitamente citado, ou quando simplesmente está oculto, etc.). A intertextualidade é uma forma de difundir outras culturas dentro de ciclos sociais variados, por meio desses veículos citados e outros, não que precisamente a massa populacional terá total compreensão desse item presente ali; é necessário que o indivíduo tenha certo conhecimento prévio daquele outro objeto inserido, para notar a intertextualidade. Um exemplo nos é apresentado na musica do cantor Zé Ramalho, Admirável Gado Novo, que é uma alegoria ao livro Admirável Mundo Novo de 1931, do escritor Aldous Huxley. A intertextualidade já se faz presente no título da canção, e durante a letra o cantor analisa as verdades do livro comparando-as à situação do Brasil da época.

Redundância – Um dos vícios mais comuns da língua portuguesa, também denominado como pleonasmo vicioso, é o ato de repetir uma ideia que já foi explicita no mesmo discurso, comprometendo a qualidade da mensagem. Como costumamos ser bastante redundante no nosso dia a dia, torna-se algo difícil de identificar, pelos erros serem cometidos principalmente com usos de sinónimos e na maioria das vezes em conversas informais. Quando escrevemos prestamos mais atenção às palavras, tornando menores esses erros. Bem utilizada, a redundância pode enaltecer um discurso, mostrando um conhecimento vasto da língua falada pelo indivíduo, por exemplo, é comum notarmos a utilização onde há a licença poética (livros, crônicas, etc.), assim, caracterizando uma figura de linguagem. Exemplos, “Fulano foi dormir e acordou morto!” e “Quando amanheceu o dia...”, duas frases bastante comuns no nosso cotidiano, e que apresenta claramente vícios de linguagem. No primeiro exemplo, como “alguém” acorda morto? E no segundo, se “amanheceu”, só podia ser de dia.

Coesão – É a ligação harmoniosa dos elementos de um texto, fazendo com que o mesmo se apresente de maneira clara. As ideias de uma frase, parágrafo, palavra, se entrelaçam com as seguintes, permitindo uma sequencia lógico-semântica (organização estruturada do que incide sobre a relação entre significantes) às partes. Ex. “O Rio de Janeiro é uma das cidades mais importantes do Brasil. A cidade maravilhosa é conhecida mundialmente por suas belezas naturais, hospitalidade e carnaval”, exemplo denominado de perífrase, a expressão caracteriza o local a que se refere, assim como podia ser a uma pessoa.

Coerência – É o conjunto de ideias ou fatos que formam um todo lógico, seguindo e dando sentido ao que foi proposto, sem se contradizer. Embora perfeitamente coeso, o texto pode estar incoerente, tanto por descuido gramatical (vocabulário, pontuação, etc.), quanto pela articulação errada de suas frases e parágrafos. Exemplo de coerência – “Não adianta. Não vou mais perdoar você. Quero que tenha atitudes responsáveis." A ideia do sujeito é apresentada com clareza, ele cobra responsabilidade ao outro. No exemplo a diante, a informação é exposta de maneira contraditória, consequentemente, incoerente. Exemplo de incoerência – “As crianças estão morrendo por causa da riqueza do país.”.

Entropia – É a forma de medir a quantidade de informação numa mensagem dado ao seu grau de imprevisibilidade, conceituando que quanto maior esse grau, mais “informação” tem nesta mensagem. Pode ser categorizada por entropia positiva, quando o grau de desordem é grande, ou entropia negativa, quando menor. Tomando por exemplo, se alguém nos disser, “Hoje pela manhã tomei café” e logo em seguida outro alguém disser, “Um extraterrestre foi encontrado na Rússia”, provavelmente tenderíamos a achar que a segunda frase teria mais informação, pois chamaria mais atenção, dado que se trata de algo não convencional, mesmo o índice de incerteza sendo alarmantemente maior.

Aceitabilidade – No post sobre elementos da comunicação falo um pouco sobre isso, os fatores que podem comprometer uma mensagem, essa exposição descuidada, o ato de falar algo que não é do interesse do receptor. Quando se escreve um texto, se deve pensar primordialmente a quem se escreve; qual o público alvo que se pretende alcançar. Isso evita que leitores desavisados façam uma interpretação errônea a que o emissor quis passar, tornando o sentido daquele texto, naquela situação, inaceitável. Um exemplo de aceitabilidade é colocar uma matéria sobre casamento (no geral, organização, festa, vestido, noivo) numa revista de noivas no mês de maio (mês das noivas). Algo que provavelmente não seria bem aceito, é essa mesma matéria sobre casamento no caderno de esportes de um jornal.

Situacionalidade – É o conjunto de fatores que tornam o texto relevante para a situação, utilizando-se de argumentos que identifiquem a situação sócio comunicativa a que o texto representa, analisando as características do processo enunciativo que o gerou. Portanto, a situação é dada previamente e indica o teor que o texto deve ter. Por exemplo, quando se escreve uma carta para algum órgão governamental ou uma autodescrição em um currículo, não é apropriado que utilize linguagem inadequada (ex. gírias).

Informatividade – Pode ser medida em maior ou menor grau, dependendo a quem o emissor vai escrever, dado as informações que serão escritas. Em exemplos práticos, são medidos os graus de informatividade num contexto geral, da seguinte forma: muito apresentado em charges e cartuns, o conteúdo contido nesses gêneros geralmente falam sobre coisas do senso comum de conhecimento da massa, não atribuindo nenhum conhecimento novo ao indivíduo, sendo considerado de baixo grau informativo. Os assuntos de circulação social, veiculados pela mídia, revistas e jornais, tendem a acrescentar alguma novidade ao leitor, por mais pífio que seja, e é considerado de médio grau informativo. Já os textos que costumam se destinar a públicos específicos, como textos científicos de uma forma geral, são destinados a um público com repertorio cultural mais elaborado e, portanto caracterizam-se como informações de alto grau de informatividade.  

Ou seja, todos os fatores pragmáticos da textualidade estão interligados entre si e ao grande fator inerente à linguagem, que é o receptor. 

Imagem meramente ilustrativa. Apresenta uma intertextualidade onde o autor, desconhecido, montou sua obra utilizando-se de fragmentos da pintura de Leonardo da Vinci, A Última Ceia, de 1945-1947. Na obra, os palhaços mais famosos do mundo estão retratados. 

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