O texto abaixo pode conter spoilers.
Até que ponto vai à liberdade de imprensa num país
democrático? Retratado
de maneira chocante no filme do diretor Rod Lurie: Faces da Verdade (no original, Nothing
But The Thruth) de 2008, inspirado em fatos reais; até que envolva questões do governo que o mesmo
suponha melhor manter em “sigilo”. Patentemente este não é o único caso em que
a censura é imposta a um jornalista; as matérias tendem a sair
de acordo com os editores, patrocinadores dos mesmos, etc. O feito cometido
contra a personagem Rachel Armstrong
no longa-metragem vai muito ademais.
Embora sua matéria tenha sido publicada exatamente como escrita, e lhe
concebido certo prestígio e fama instantânea pela denuncia do envolvimento dos
Estados Unidos ao ataque a bases militares venezuelanas por motivos controvertíveis
e, concomitante revelando a identidade de uma agente secreta – o problema se
torna uma questão de segurança nacional, e Rachel é intimada a revelar sua
fonte, pois a mesma representa uma ameaça.
Provavelmente se as denuncias anônimas
transparecesse o delator, poucas seriam as informações realmente com algum grau
de informatividade que chegariam ao conhecimento da população, e mesmo que o
pensamento seja de que são raros os casos que isso possa acontecer; como o
informante teria certeza de que não viria calhar a ele? Elucidando, é por isso que Rachel parece lutar
ao se negar a revelar sua fonte, ate mesmo para seu advogado, seu marido, seus
editores que mesmo assim mantem-se fiéis a ela durante todo o tempo, etc.
Rachel é presa e nos “concede” cenas angustiantes enquanto está encarcerada –
quando se lembra do filho; do marido; quando pensa em desistir e por simples
segundos lembra-se de seu informante; enquanto é espancada; de seus princípios;
do conhecimento de que sua causa já é esquecida; das vidas que ela parece estar
arruinando, inclusive a dela própria – durante anos.
O filme não nos apresenta nenhum vilão – embora
tenhamos cólera de todos que vão contra Rachel, por sermos humanos e nos
imaginarmos naquela situação, e o quão falho provavelmente seríamos – todos
estão cumprindo suas tarefas conforme instruídos em sua profissão e seguindo
seus princípios, entretanto, naquela situação parecendo demasiadamente errôneos,
mas que se fosse uma situação adversa, acaso estaríamos dos seus lados.
Embora plausível a ideia salientada de defender os direitos que um
jornalista, sua fonte, e a própria profissão merecem; é quase impossível se
imaginar no lugar da personagem, e simplesmente aceitar de bom grado esses
motivos. Não seria algo fácil de tomar diante das situações inumanas que uma
pessoa pode ser exposta pelo simples exercício de sua profissão, aqui sendo
jornalista, mas seja ela qual for. Ao término do filme, compreendemos melhor a
opressão de Rachel, seus arrependimentos e suas consecuções diante daquilo.
Imagem meramente ilustrativa. Apresenta uma das cenas do filme "Nothing But The Thruth".
Nenhum comentário:
Postar um comentário